sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Efeito Borboleta

Há um tempo ele me deu umas borboletas. Um presente que eu não esperava. Falou para que eu as cuidasse direito. Eu não sabia o que fazer e as deixei em um pote ao lado da minha cama enquanto eu me preparava pra dormir. Enquanto trocava a minha roupa, imaginei o que poderia fazer para alimentá-las. De que as borboletas se alimentam? De que eles vivem? O que eles fazem? Eu não sabia. Era tudo muito novo para mim.
Fui dormir sem ter alguma resposta. Acordei no dia seguinte e olhei aquele pote vazio. Desesperada, levantei correndo. Procurei em todos os cantos e não achei. Agonia. Olhei a janela aberta, deduzi que elas tinham fugido. Raiva. Sentei no chão e comecei a chorar. Ele iria ficar desapontado comigo. Falou pra cuidar bem de suas borboletas e na primeira noite as deixei fugir. Medo.
Olhei o relógio e percebi que faltava pouco para ele aparecer novamente. O que eu iria falar? Como poderia explicar que elas fugiram? Arrumei-me e sai de casa para encontrar com ele. Passei a caminhada toda pensando em como iria falar que as borboletas haviam sumido.
Encostei-me em um muro e fiquei a sua espera. Não demorou muito para que o seu sorriso iluminasse tudo em volta. Meu estomago berrou. Botei minha mão em cima dele, tentando acalmar aquele grito. Olhei para frente, e aquele sorriso voltou e meu estomago, mais uma vez, gritou.
Ele se aproximou e deu um beijo em minha testa. Meu coração estava acelerado, minhas mãos suando e o medo percorria em todas as minhas veias. E o meu pior pesadelo aconteceu, ele me perguntou como estavam aquelas borboletas. Não consegui mentir, falei que elas haviam sumidos. Indignado, ele virou e foi embora de cabeça baixa. Voltei triste para casa, não sabia o fim que aquelas borboletas tiveram. Não foi a minha culpa delas terem escapados. Deitei em minha cama e um aperto surgiu em meu peito. Ele veio em minha mente, junto com todos os nossos momentos juntos.
Quando fechei os olhos, a imagem dele veio em minha mente e meu estomago gritou novamente. Era uma sensação estranha e gostosa ao mesmo tempo. Era como se fossem uns vôos de borboletas. Borboleta. Será que eu as engoli? Mas como isso era possível?
Já haviam me falado sobre esse tipo de sensação. Mas me falaram que era amor. Amor. Será que era isso? Fiquei pensando nos fatos. O jeito em que eu não parava de pensar nele, o jeito que o meu coração batia forte, o jeito que minhas mãos suavam. A maneira de como meus lábios pedia com urgência ir de encontro com os dele. Como o meu estomago gritava quando eu via a sua imagem.
Mas eu ainda não entendia o fato dele ter me dado borboletas em vez de seu coração. Não sei ao certo se aquelas borboletas significavam o seu coração. Mas se for, agora que eu sei onde elas estão, cuidarei como se fosse a minha vida.
É, eu estou amando.

Yolanda Brasil.

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